As mulheres têm detido uma importância decisiva no processo de afirmação da democracia e de luta pela igualdade política e social na história contemporânea de Portugal, protagonizando e desenvolvendo vários tipos de resistência.

Nos campos e nas fábricas, nas universidades e nas escolas, nas artes e nos círculos intelectuais, na clandestinidade e nas prisões, em todas as dimensões do quotidiano, estas mulheres, de diferentes origens e percursos de vida e com sensibilidades políticas e graus de envolvimento distintos, foram essenciais na luta pela democracia e pela igualdade. Na vanguarda, ativistas mais visíveis ou de forma mais discreta; na retaguarda, apoiando e acompanhando diversos processos de luta; estas mulheres, assumindo uma postura ativa e contínua de combate político e social, constituíram uma força vital de resistência em particular durante o Estado Novo. Porém, os seus percursos de luta, muitas vezes ausentes nas fontes escritas, são pouco (re)conhecidos.

Nesta perspetiva, considerando que a construção da memória social contemporânea tem dado pouco enfoque ao papel de resistência destas mulheres e a importância da memória individual para a construção da memória coletiva, o ciclo de conferências “Resistência no Feminino” procura resgatar memórias e testemunhos de mulheres que resistiram de diferentes formas à opressão, discriminação e repressão. Trata-se de falar sobre mulheres enquanto sujeitos históricos ativos e intervenientes, criadores de mudança, a quem é fundamental reconhecer e recordar o seu papel na resistência.

O ciclo de conferências “Resistência no Feminino” convoca todos os cidadãos, instituições e a comunidade em geral para a participação num espaço de encontro, que permita a partilha, o debate e a reflexão sobre estas problemáticas, procurando interligar as experiências individuais de cada uma destas mulheres, resistentes, com a própria sociedade.