O seminário «Práticas de Experiências e Metodologias» é concebido como um espaço de reflexão crítica, troca e experimentação sobre os caminhos metodológicos nas ciências sociais, nas humanidades e em estudos aplicados. Reconhecendo a centralidade do método na construção do conhecimento, este ciclo de encontros pretende destacar não apenas as técnicas de pesquisa, mas os fundamentos epistemológicos e políticos que orientam o fazer científico e a produção de sentido.

Num momento em que os campos acadêmicos vivem uma crescente pluralização de abordagens, este seminário permanente propõe-se a revisitar tanto metodologias clássicas como emergentes, com ênfase na triangulação entre métodos, técnicas e práticas de pesquisa, superando dicotomias artificiais entre abordagens quantitativas e qualitativas. O objetivo é valorizar o rigor e a densidade teórica tanto na observação empírica quanto na interpretação crítica, promovendo investigações que sejam metodologicamente transparentes e socialmente relevantes.

A programação contempla técnicas como Análise e Pesquisa Documental, Autoetnografia, Entrevistas e Depoimentos, Estudos de Rede e Análise Relacional, ao lado de abordagens que dialogam com os Estudos de Gênero, os Estudos Culturais, a Ciência Anarquista, os Estudos de Educação, as Artes Visuais e os estudos sobre Patrimônio em suas múltiplas dimensões (material, imaterial, natural, simbólica).

Ao articular essas abordagens, o seminário enfatiza a importância de que todo trabalho acadêmico – em especial nos níveis de mestrado e doutorado – explicite seu percurso metodológico com clareza, coerência e reflexividade. O rigor metodológico não se resume à aplicação técnica, mas se manifesta no esforço de construir dispositivos que permitam compreender os fenômenos em sua complexidade, respeitando suas escalas, temporalidades e sujeitos.

Mais do que apresentar um inventário de técnicas, este seminário pretende contribuir para o fortalecimento de uma ética da pesquisa comprometida com a pluralidade epistemológica, a crítica de fontes e o escrutínio das formas de dominação do saber, valorizando inclusivamente trajetórias e vozes historicamente marginalizadas.

Próximas sessões

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Programa

14h/15h fuso Brasil | 17h/18h Portugal

23 de maio, sexta-feira (14h – Fuso do Brasil | 18h – Fuso de Portugal)

Os estudos anarquistas em Ciência, Tecnologia e Sociedade: práticas de pesquisa no anarquismo

Nabylla Fiori de Lima e Gilson Leandro Queluz

O anarquismo, movimento social fruto das lutas sociais da segunda metade do século XIX, apresentou uma preocupação constante com os processos de apropriação e produção do conhecimento pelas classes trabalhadoras. Desta forma, as reflexões anarquistas sobre ciência e tecnologia dialogaram diretamente com princípios como a crítica classista à dominação e à hierarquia, a defesa da autogestão, a ação direta, o antiautoritarismo  e  o internacionalismo. Procuraremos, neste seminário, exemplificar alguns estudos sobre ciência, tecnologia e anarquismo, procurando destacar, como base metodológica de análise, a interdependência entre teoria e prática nas culturas políticas libertárias, centrais para a concretização de uma história vista de baixo, uma história social da ciência e da tecnologia que valorize as experiências coletivas emancipatórias e utópicas.


Nabylla Fiori de Lima – Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade da Universidade Tecnológica Federal do Paraná na Linha de Pesquisa Tecnologia e Trabalho. Pós-doutorado em Tecnologia e Sociedade na UTFPR. Mestre em Tecnologia pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia (UTFPR); graduação em Licenciatura em Música pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná – EMBAP e em Licenciatura em Letras Português – Inglês pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Terapeuta da Medicina Chinesa. http://lattes.cnpq.br/0948822715838829
Gilson Leandro Queluz – Possui graduação em História pela Universidade Federal do Paraná (1989) e mestrado em História pela Universidade Federal do Paraná (1994). Realizou doutorado sanduíche no Departamento de História da University of Delaware (1998-1999) e concluiu o doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2000. Realizou estágio pós- doutoral em Política Científica e Tecnológica na Unicamp (2009) . Atualmente é professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná no Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DAFCH) e no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) da UTFPR. http://lattes.cnpq.br/9402463923848550

 

27 de maio, terça-feira (14h – Fuso do Brasil | 18h – Fuso de Portugal)

Convergências metodológicas: patrimónios conectados, digitalização e biocultura como desafios epistémicos

Maria Fernanda Rollo

Num contexto de crescente pluralidade metodológica e exigência de rigor reflexivo, esta intervenção propõe uma leitura crítica das práticas de investigação que cruzam história, património e ambiente, a partir de projetos desenvolvidos em territórios diversos. A partir da intersecção entre patrimónios materiais e imateriais, naturais e culturais, propõe-se discutir as implicações epistemológicas da digitalização, da produção de memória coletiva e da mobilização do património biocultural como ferramenta de análise e de ação. Serão apresentados exemplos concretos de práticas metodológicas aplicadas em projetos participativos, que operam entre o local e o global, e entre o analógico e o digital, convocando a triangulação entre investigação empírica, compromisso ético e produção de sentido social. Esta proposta advoga, assim, por uma ciência social e humana situada, comprometida e crítica, capaz de promover a justiça epistémica e de criar pontes entre saberes.


Maria Fernanda Rollo – Historiadora. Doutorada e Agregada em História Contemporânea. Professora Catedrática do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa. Coordenador do Programa de Doutoramento em História. Coordenador do curso de pós-graduação em Gestão e Política em Ciência e Tecnologia. Membro do Conselho de Investigação do European University Institut. Investigador do CFE – História, Territórios e Comunidades. Investigador do Instituto de História Contemporânea (1995-2020). https://www.cienciavitae.pt/portal/pt/F91D-2B9A-5767

7 de julho, segunda-feira (14h – Fuso do Brasil | 17h – Fuso de Portugal)

Análise de Redes Sociais e História

Ivo Veiga

A Análise de Redes Sociais tem muitas aplicações, em diferentes áreas do conhecimento e usa técnicas distintas para diferentes problemas de investigação. Nos últimos anos tem sido mais difundida entre a História, designadamente no campo da História Global, História Intelectual ou História Económica. Assente numa tendência historiográfica na qual há um maior foco nas relações e configurações, circulações e ligações entre atores, a utilização da Análise de Redes Sociais no campo da História ajuda-nos a identificar regularidades e diferenças da interação humana de forma a fazer comparações significativas no espaço e no tempo. Para mais a Análise de Redes Sociais poderá ser utilizada enquanto instrumento heurístico, servindo para uma análise exploratória, circunscrevendo os dados para se atingir uma leitura mais inteligível e obter sínteses. Isto pressupõe uma familiaridade com os conceitos e técnicas de Análise de Redes Sociais mas muitas vezes a distribuição temporal das redes obtidas permite compreender padrões que outros métodos e técnicas teriam mais dificuldade em tornar evidentes.


Ivo Veiga – É investigador em História e Ciências Sociais no HTC-CFE. Em 2012 obteve o grau de Doutor em Ciência Política (University College London), depois de ter concluído  a licenciatura e o mestrado em História (NOVA FCSH) e o Master of Science in Sociology (University of Reading). É autor e editor de diversos livros e artigos relacionados com processos de democratização, eleições, instituições políticas e seus actores e história da construção. Tem explorado de uma forma sistemática as possibilidades oferecidas pelos novos instrumentos digitais, usando análise textual qualitativa e quantitativa e análise de redes sociais. É Professor Auxiliar Convidado na FCSH NOVA. Foi distinguido com o Selo de Excelência Marie Sklodowska-Curie Actions (Comissão Europeia, 2017). https://www.cienciavitae.pt/portal/141E-BFDD-4664

 

30 de julho, quarta-feira (15h – Fuso do Brasil | 18h – Fuso de Portugal)

A metodologia de pesquisa autoetnográfica

Maria Sara de Lima Dias

A proposta é apresentar a autoetnografia enquanto gênero da etnografia e método de pesquisa qualitativo, visando a entender como alguns aspectos tornam-se importantes para o desenvolvimento da pesquisa. Objetiva-se expor e desenvolver os aspectos fundamentais e mais específicos do conceito de autoetnografia, suas bases e potencialidades. A autoetnografia pode ser reconhecida como metodologia científica e crítica, capaz de desvendar, em sua maneira autorreflexiva, novos e profícuos caminhos para a pesquisa sociológica. Sobre metodologia de pesquisa autoetnográfica, abordaremos a importância dessa abordagem na compreensão das experiências pessoais e coletivas. A autoetnografia enquanto método que combina elementos da etnografia tradicional com a reflexão autobiográfica, permitindo que os pesquisadores explorem suas próprias vivências como meio de compreender fenômenos sociais mais amplos. Iniciaremos discutindo os fundamentos teóricos, destacando como a autoetnografia desafia as narrativas objetivas, promovendo uma visão mais subjetiva e reflexiva. Em seguida, apresentaremos os passos essenciais para conduzir uma pesquisa autoetnográfica: a escolha do tema, a coleta de dados por meio de diários, entrevistas e reflexões pessoais, bem como a análise crítica das experiências vividas.


Maria Sara de Lima Dias – Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) possui mestrado (2004) em Psicologia da Infância e Adolescência e graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (1990). Especialista em Pedagogia Social pela Universidade Católica Portuguesa. Trabalha com projetos que discutem Tecnologia e Trabalho, Saúde do Trabalhador e Orientação Profissional e Planejamento de Carreira. Professora do Departamento de Filosofia e Ciencias Humanas (DAFCH) na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, na graduação leciona Psicologia do Trabalho e Planejamento de Carreira. Professora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade – PPGTE, é orientadora de mestrado e doutorado, iniciação científica e tecnológica e projetos de extensão. Atua na linha de pesquisa Tecnologia e Trabalho ministras disciplinas de Metodologia da Pesquisa, Tecnologia e Sociedade e Dimensões Culturais da Tecnologia é Líder do GRUPO de pesquisa CNPQ- TASS, Tecnologia, atividade, subjetividade e saúde. Bolsista Produtividade pela Fundação Araudária. Participa do GRUPO Internacional GIOES, na Universidad de La Laguna e do Grupo VIPAT, Violência en la Pareja na Universidade Autônoma de Barcelona. Participa dos Grupos de Pesquisa de Carreira na ANPEPP. Coordenadora do Projeto de Extensão Grupo de Leituras de Lev Vygotsky e Coordena o Laboratório TUTOR- Tecnologia Trabalho e Orientação.Atualmente participa da ALFEPSI, Associação Latino Americana de Psicologia, e da Associação, ABRAPSO, Associação Brasileira de Psicologia Social, e ABRAPEE, Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. http://lattes.cnpq.br/4807954398668607

5 de setembro, sexta-feira (14h – Fuso do Brasil | 17h – Fuso de Portugal)

Pesquisa e Análise Documental: a atualidade da crítica de fontes

Tiago Brandão

Em tempos marcados pela era digital, pelo paradigma dos dados e pela disseminação de desinformação, a crítica rigorosa de fontes reafirma sua relevância metodológica central. Esta conferência revisita as lições da escola metódica francesa e suas técnicas de crítica interna e externa, fundamentais para a organização, a classificação e a validação de documentos. Partindo da tradição historiográfica, explora-se ainda a atual ampliação do conceito de documento – que vai além dos textos oficiais para abarcar registros materiais, iconográficos e digitais. Serão abordadas técnicas práticas de pesquisa e análise documental, com destaque para a constituição de corpus, a seleção crítica de fontes e a avaliação de sua autenticidade, representatividade e confiabilidade. A análise é aplicada a exemplos concretos da história das políticas científicas e de inovação, evidenciando a importância de discernir entre documentos deliberados e inadvertidos, conscientes e inconscientes. Defende-se, por fim, que o rigor na crítica de fontes constitui não apenas uma salvaguarda contra distorções interpretativas, mas uma ferramenta essencial para a produção de conhecimento sólido em contextos contemporâneos de instabilidade informacional.


Tiago Brandão – É formado em História, Mestre e Doutor em História Contemporânea, pela Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH, Portugal). Tem experiência nas áreas de História Contemporânea e Políticas Públicas, com ênfase em políticas científicas, estudos de inovação e análise e avaliação de políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação.  Atua desde 2021 como Docente Externo credenciado ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade. É Professor Visitante do Bacharelado de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC em São Paulo. http://lattes.cnpq.br/9357538953031874

 

19 de setembro, sexta-feira (14h – Fuso do Brasil | 17h – Fuso de Portugal)

Métodos de pesquisa na história da educação profissional

Mário Lopes Amorim

Parte-se da relação entre Trabalho e Educação como objeto de estudo, para problematizar a Educação Profissional indagando-se sobre seu significado, e para tanto propõe-se a investigação sobre sua reconstrução histórica, objetivando captar sua heterogeneidade em diferentes recortes espaço-temporais, em constante movimento, num complexo universo de múltiplas relações sociais. Desse modo, procura-se compreender a racionalidade que preside e dá forma à introdução do trabalho na atividade escolar, a partir das diferentes posições e interesses das classes sociais. Trata-se, portanto, de perceber o objeto empírico articulado aos diversos níveis de realidade que lhe são próprios. Com apoio da análise de fontes primárias e secundárias, procura-se estabelecer mediações da relação entre o mundo do trabalho – entendido como as diversas práticas referidas às relações sociais de produção – e a educação, aqui restrita ao espaço educativo escolar de determinado sistema de ensino – profissional, técnico e tecnológico. Tais mediações traduzem-se em processos históricos complexos, como ideias, normas, valores e ações, que são apreendidos em sua dimensão social e que expressam a particularidade histórica da relação Trabalho-Educação, em determinado tempo e local.


Mário Lopes Amorim – Possui graduação em História pela Universidade Federal do Paraná (1985), mestrado em História pela Universidade Federal do Paraná (1992), doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2004) e pós-doutorado em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (2010). Atualmente é professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Profissional, atuando principalmente nos seguintes temas: história da educação profissional, educação profissional e tecnológica, ciência tecnologia e sociedade (CTS). http://lattes.cnpq.br/5344824750599654

12 de novembro, quarta-feira (14h – Fuso do Brasil | 17h – Fuso de Portugal)

Métodos de pesquisa em artes visuais e cultura material

Douglas Colombelli Parra Sanches e Marilda Lopes Pinheiro Queluz

Resumo a disponibilizar


Douglas Colombelli Parra Sanches – Possui graduação em artes visuais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2005), mestrado em Estudos de Linguagens pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2010) e é doutorando do programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (início em 2020). É docente do Instituto Federal do Paraná. Tem experiência na área de Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: arte e ação direta, representações da técnica e tecnologia no movimento anarquista, expressões artísticas de vanguarda. http://lattes.cnpq.br/2777735714022008
Marilda Lopes Pinheiro Queluz – Possui graduação em História pela Universidade Federal do Paraná (1985), graduação em Educação Artística pela Universidade Federal do Paraná (1989), mestrado em História pela Universidade Federal do Paraná (1996) e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002). Professora Titular aposentada do Departamento de Desenho Industrial. Atualmente é Professora e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, na linha de pesquisa Mediações e Culturas. Líder do grupo de pesquisa Design e Cultura. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: história das artes gráficas e humor gráfico (caricatura e quadrinhos), design, tecnologia e cultura, história da arte brasileira. http://lattes.cnpq.br/2110123354319236

 

28 de novembro, sexta-feira (14h – Fuso do Brasil | 17h – Fuso de Portugal)

Entre Fronteiras: Interdisciplinaridade e Flexibilidade nos Estudos Culturais

Carlos Vargas

Propõe-se uma reflexão crítica sobre os fundamentos metodológicos que sustentam esta área do conhecimento e da investigação. Partindo do reconhecimento de que a cultura é um fenómeno complexo, contraditório e em constante transformação, defende-se que os Estudos Culturais não se podem limitar a uma única área disciplinar ou a métodos fixos. Ao contrário, é na intersecção entre saberes — como a sociologia, a antropologia, a história, a literatura e a comunicação, entre outros — que se amplia a capacidade analítica e interpretativa da investigação. A flexibilidade metodológica surge, nesse contexto, como uma exigência epistemológica: ela não representa fragilidade, mas sim abertura ao múltiplo, ao híbrido e ao imprevisível. Procuraremos, nesta conferência, reflectir sobre o lugar e a função do(a) investigador(a) como sujeito crítico, atento às tensões do presente e capaz de transitar entre fronteiras disciplinares para produzir leituras mais densas e inevitavelmente comprometidas com as transformações culturais e sociais em curso.


Carlos Vargas – Doutoramento em Ciência Política, especialidade de Políticas Públicas, pela NOVA FCSH, com a dissertação «Política e Cultura. Uma década de Artes Performativas em Portugal (2006-2016)». Professor convidado do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Investigador integrado no HTC – História, Territórios e Comunidades, núcleo da NOVA FCSH do Centro de Ecologia Funcional – Ciência para as Pessoas e o Planeta da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Membro do Observatório Político do ISCSP-UL. Os seus interesses de investigação incluem a teoria cultural, a política da cultura, e as práticas culturais no mundo ocidental. https://www.cienciavitae.pt/portal/731F-343E-FE79

8 de dezembro, segunda-feira (14h – Fuso do Brasil | 17h – Fuso de Portugal)

Dar visibilidade às excluídas da História

Virgínia Baptista

Dar voz às mulheres para períodos recuados é um desafio que se coloca aos historiadores e historiadoras. Quem escreveu os artigos, cartas e atas publicadas e assinadas em nome das mulheres, que eram com frequência iletradas? Qual a conceção política que vigorava nas épocas em que os documentos estatais, relativamente às mulheres, foram elaborados? Não existem fontes iconográficas que, provavelmente, modelaram as vivências das mulheres? Também, os conceitos, as nomenclaturas e as classificações têm diversos sentidos ao longo dos tempos. Estas questões levam os historiadores e as historiadoras a diversos métodos nas suas pesquisas, para uma cuidadosa análise hermenêutica das fontes, para distinguir as realidades das representações. Atualmente a historiografia sobre o género / mulheres passa pela ampla dimensão da interseccionalidade, quase sempre invisível ou impossível de descortinar nas fontes escritas, daí a importância ao recurso da história oral e às práticas de investigação interdisciplinares. Sendo o objetivo destes estudos uma história global e decolonial é necessário ter em atenção que as fontes foram e ainda são, com frequência, dominadas por diversos poderes ‒ políticos, masculinos e raciais.


Virgínia Baptista – É licenciada em História pela Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa, Mestre e Doutora em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE-IUL. É investigadora integrada do HTC-NOVA FCSH-CFE-UC. As suas teses foram publicadas e premiadas: «As Mulheres no Mercado de Trabalho em Portugal: Representações e Quotidianos (1890-1940)», CIDM, 1999; «Proteção e Direitos das Mulheres Trabalhadoras em Portugal 1880-1943», ICS, 2016. Tem como principais interesses de investigação a História Contemporânea; a História das Mulheres Trabalhadoras; A História das Mulheres e do Associativismo Mutualista e Sindical e a História das Mulheres e da Medicina. Participou em congressos nacionais e internacionais, com capítulos e artigos escritos, com o objetivo de dar visibilidade às mulheres no trabalho, na maternidade, na vida associativa, na história da arte e nos manuais escolares, entre outros. https://www.cienciavitae.pt/portal/2510-31D3-B87D