Arqueólogos investigam em Ngomeni importante navio histórico português
Filipe Castro, arqueólogo náutico e investigador do grupo História, Territórios e Comunidades (HTC) do CFE e Caesar Bita, do Museu do Quenia, co-dirigiram uma campanha de trabalhos arqueológicos no sitio do navio de Ngomeni, que pode ser o galeão S. Jorge, da terceira armada de Vasco da Gama, ou a nau Nossa Senhora da Graça, naufragada na área em 1554. Qualquer que seja a identificação do navio, os restos do casco preservados são únicos e vão proporcionar uma oportunidade única para os arqueólogos abrirem uma trincheira de cerca de 10 x 10 m para avaliar o estado de conservação dos restos do casco e a tentar delimitar a zona do naufrágio.
A partir de 1518, Portugal começou a construir navios desenhados para a guerra, com autonomia para navegar até aos Oceanos Indico e Pacifico. Inspirado em tipologias mediterrânicas, este novo tipo de navios recebeu a designação de galeão e era provavelmente um navio de vela com três ou quatro mastros, montando artilharia que cobria os 360º do seu entorno e permitia uma defesa efetiva contra ataques de gales. A naus da India são também maquinas extraordinárias e largamente desconhecidas, uma vez que só os exíguos restos da Nau Nossa Senhora dos Mártires (1606) foram escavados e publicados.
O projeto conta com o apoio e a participação da população de aldeia de Ngomeni, do Museu de Malindi, que recebe os artefactos para conservação e com a equipa de conservação dos Museus do Quénia, que já é curadora da coleção de artefactos do navio português Santo António de Tana, naufragado naquela costa em 1697.
Além do evidente interesse científico associado aos restos de qualquer navio do século XVI, este naufrágio pode ter ainda um importante valor histórico e simbólico como testemunho físico da presença da terceira armada de Vasco da Gama nas águas do Quénia.
A investigação foi noticiada em vários canais e redes sociais: